Com o boom do mundo fitness, fortalecido especialmente no ambiente das redes sociais, o surgimento de novas demandas para o mercado de suplementos cresceu quase que no mesmo ritmo. Entre essas demandas, vêm despontando com força a busca por uma alimentação cada vez mais natural, baseada em “comida de verdade”, com menor consumo de ultraprocessados. Além das questões metabólicas, essa demanda tem muito a ver, também, com o potencial alergênico de uma série de aditivos utilizados pela indústria.
Apesar dos suplementos serem um produto alimentar e por isso passarem, inevitavelmente, por algum grau de processamento, o que pode ser o diferencial é a sua composição. E é com esse objetivo que surgiram os suplementos “clean label”, (traduzido literalmente para o português, significa “etiqueta limpa''), produtos que possuem listas de ingredientes o mais natural possível. A ideia é que sejam isentos de adoçantes e corantes artificiais, e, caso possuam outros aditivos artificiais, como conservantes e aromatizantes, por exemplo, que estejam presentes no menor nível possível. Como essa concepção de produto é ampla e vai além de suplementos, outras características que também são possibilidades, apesar de não serem regra, é a de possuírem ingredientes orgânicos e serem livres dos alérgenos mais comuns e de glúten.
Não existe nada regulamentado a respeito dos suplementos clean label pois se trata de uma proposta recente e um conceito que ainda vem ganhando forma e espaço na indústria. O jeito mais fácil de reconhecer esses produtos, no entanto, é através do seu rótulo, com uma lista de ingredientes mais enxuta e simples, sem a enxurrada de “antes” dos produtos convencionais: adoçantes, conservantes, corantes, aromatizantes e por aí vai… Por mais que ainda possam estar presentes, a quantidade é bem menor e a fonte, prioritariamente, natural.
Os adoçantes artificiais, como sacarina, ciclamato, aspartame, acessulfame, são bastante utilizados em produtos “fitness” pois possuem um poder adoçante muito alto, podendo ser adicionados em pequenas quantidades com zero ou quase nada de calorias. Apesar de serem considerados seguros para uso, pois parecem não exercer efeito fisiológico diretamente nos sistemas orgânicos, seus impactos metabólicos na microbiota geram prejuízos que devem ser levados em conta, especialmente pela forte relação desses microrganismos com a saúde intestinal e aspectos cerebrais. Tais efeitos também podem ser estendidos para os outros aditivos artificiais presentes em peso nos produtos industrializados.
O surgimento de opções mais naturais, principalmente de adoçantes, aromatizantes e corantes é que possibilitou o nascimento do conceito dos clean label. O uso de ingredientes mais “puros” como estabilizantes e espessantes também vem ganhando força nos testes que visam gerar produtos que sejam aliados na busca por saúde ao mesmo tempo que trazem praticidade e potencializam resultados almejados pelos praticantes de atividade física e atletas.
Na prática, como já mencionado, esse tipo de suplemento pode ser identificado pela lista de ingredientes mais enxuta e simples, com nomes mais comuns e componentes naturais. Entre os adoçantes naturais é comum encontrar stévia, taumatina e xilitol, e os frutooligossacarídeos, um tipo de fibra, também podem ser utilizados com o fim de aumentar o dulçor. Os aromatizantes e corantes costumam ser retirados de extratos vegetais ou de frutas. O uso de gomas (xantana, guar e outras) é uma alternativa para estabilização e emulsificação desses produtos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Suez, J., Korem, T., Zilberman-Schapira, G., Segal, E., & Elinav, E. (2015). Non-caloric artificial sweeteners and the microbiome: findings and challenges. Gut Microbes, 6(2), 149–155. doi:10.1080/19490976.2015.1017700
(Como esse tipo de suplemento não é regulamentado, não encontrei nenhum estudo sobre suas características/uso. Me baseei no conceito dos clean label e em materiais de marcas que produzem esses produtos.)
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